Espetáculo de dança dirigido ao público infantil e juvenil que desafia os mais jovens a exporem a sua opinião e a apresentarem propostas de resolução para as suas próprias questões.
A 4ª edição do Cumplicidades – Festival Internacional de Dança Contemporânea de Lisboa, que decorre de 8 a 21 de maio de 2023, apresenta pela primeira vez na sua programação um espetáculo de dança dirigido ao público infantil e juvenil. Beatriz Valentim leva ao São Luiz “O que é um problema?”.
“O que é um problema?” é um espetáculo de múltiplas perguntas. Interpretado por duas bailarinas, Beatriz Valentim e Ana Caetano — que também é artista plástica –, e um músico, Pedro Souza, desafia os mais jovens a exporem a sua opinião e a apresentarem propostas de resolução para as suas próprias questões.
Beatriz Valentim é coreógrafa e bailarina, mas também formadora, desenvolvendo trabalho como professora de dança contemporânea em várias escolas do país. Ligada à educação e à aprendizagem, tem vindo a ter um contato direto com crianças e adolescentes. Também no âmbito do seu trabalho como criadora e intérprete tem tido experiências desta natureza. As oportunidades de contracenar com os jovens, de estar lado a lado com eles, criando e partilhando ideias, foram experiências que a levaram a questionar os seus alunos e alunas sobre o que os perturba e o que gostariam de mudar no mundo, tentando entender também como enfrentam e solucionam as questões e dilemas com que se deparam.
No processo de trabalho para este espetáculo, começou por desafiar algumas turmas e grupos de jovens a pensarem sobre “O que é um problema?”. Esta questão levantou muitas outras: O que é realmente um problema e como o ultrapassamos? Que problemas existem no mundo? Eu tenho problemas? O que sinto quando tenho um? E se eu pudesse mudar o mundo? Tenho sempre de encontrar uma solução? Quanto tempo tenho para encontrar a solução?
Após reflexão e debate sobre estas ideias, surgiu o grande impulso para esta peça: o problema enquanto construção de uma solução e de uma conquista. Que caminho percorro nessa descoberta? E como o percorro? Como encontrar soluções coletivas e individuais?
“O que é um problema?” tem uma forte componente visual. O espaço cénico vai sendo construído e ocupado em tempo real, como se de uma nova construção e nova procura se tratasse.
Para Beatriz Valentim a relação da dança com a cenografia e o desenho é clara: encaixar-se, alcançar, expandir e diminuir, moldar-se ou encolher. O tempo dessa manipulação plástica e o tempo da dança encontram-se e formam um par, tendo em conta que um condiciona o outro.
Por seu lado, a componente musical também é muito importante. A música original é criada e interpretada ao vivo por Pedro Souza e os instrumentos originais, concebidos a partir de materiais reciclados, são da autoria de “Os Arranjadores”, um grupo criado no Porto no período pandémico. O seu objetivo principal é converter materiais velhos sem utilidade e matéria ‘repulsiva’ em instrumentos surpreendentes, funcionais e capazes de produzir harmonia, melodia e ritmo. Um dos instrumentos é construído ao longo do espetáculo, como metáfora da passagem do tempo na resolução de um problema.
Em “O que é um problema?” há lugar para a problemática do corpo e das suas limitações, sendo este um fluxo de variadas e vastas experiências que constituem o processo do próprio ser. Como lidar com esses limites, contornando e encontrando alternativas? Que caminho percorremos para resolver o problema na arquitetura do nosso corpo como metáfora para a questão do problema mais geral?
Os objetivos deste espetáculo são perceber a dinâmica e o pensamento dos mais jovens, mas também dar-lhes espaço para exporem a sua opinião e assim estimular o seu sentido crítico e de decisão. Nesse sentido, no âmbito desta criação têm vindo a ser desenvolvidas oficinas de movimento em escolas e instituições do país.
SINOPSE
“O que é um problema e como descobrimos que ele existe? Começamos no vazio, onde existe um problema por resolver, e partimos à descoberta num caminho que se adivinha complexo e desafiante. Encontram-se problemas no próprio corpo e nas suas limitações: Como lidar com esses limites, contornando e encontrando alternativas? Que caminho percorremos para resolver o problema na arquitetura do nosso corpo como metáfora para a questão do problema geral? O corpo, curioso e perspicaz, procura e dá a mão a um percurso prestes a ser descoberto através do movimento, da construção, do desenho e dos sons. Procura-se, constantemente, ativar as respostas físicas, sensoriais e emocionais para ultrapassar os problemas e encontrar as soluções.”
FICHA TÉCNICA E ARTÍSTICA
- Direção artística e coreografia: Beatriz Valentim
- Interpretação e conceção cenográfica: Beatriz Valentim e Ana Caetano
- Música original ao vivo e sonoplastia: Pedro Souza
- Aconselhamento artístico: Francisco Camacho
- Apoio ao movimento: Tiago Martins
- Instrumentos originais: Os Arranjadores
- Figurinos: Beatriz Valentim em colaboração com Ana Isabel Castro e Luís Capela Oliveira
- Desenho de luz: Cárin Geada
- Técnico de som: Martinho Cardoso
- Residências artísticas: Teatro do Ferro, Central Elétrica / CACE Cultural, Balleteatro, Biblioteca Municipal de Marvila, Teatro Municipal do Porto – Campo Alegre, Produções Real Pelágio / Teatro da Voz, dEVIR CAPa Faro
- Co-produção: Cine-Teatro Louletano, Festival Cumplicidades / São Luiz Teatro Municipal, Teatro Municipal do Porto
- Apoio Financeiro: República Portuguesa – Cultura | DGARTES – Direção-Geral das Artes
- Distribuição: Eira
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